BASILE, Sidnei.
Elementos de jornalismo econômico. Rio de Janeiro: Campus, 2002
Elementos de jornalismo econômico. Rio de Janeiro: Campus, 2002
Isso [a dificuldade de compreender o significado das notícias econômicas] ocorre
porque a maioria das pessoas simplesmente não compreende os mecanismo sob os
quais funcionam os mercados. O palavrório e o gestual dos corretores de uma
bolsa de valores ou de mercadorias parecem um teatro de absurdo: sinais que só
eles entendem, uma gritaira e agressividade aparentes que seriam mais
pertinentes a inimigos tentando mater-se do que a parceiros fazendo negócios. O
sobre-e-desce das cotações, impulsionado por razões à primeira vista
cabalísticas, só faz aumentar a perplexidade do cidadão comum. (p. 4)
porque a maioria das pessoas simplesmente não compreende os mecanismo sob os
quais funcionam os mercados. O palavrório e o gestual dos corretores de uma
bolsa de valores ou de mercadorias parecem um teatro de absurdo: sinais que só
eles entendem, uma gritaira e agressividade aparentes que seriam mais
pertinentes a inimigos tentando mater-se do que a parceiros fazendo negócios. O
sobre-e-desce das cotações, impulsionado por razões à primeira vista
cabalísticas, só faz aumentar a perplexidade do cidadão comum. (p. 4)
Uma publicação econômica (…) é, quando bem feita, um
verdadeiro diário das continuidades e descontinuidades desse processo, seja em
um setor econômico uma cidade, uma região, um país ou o mundo. (p. 6)
verdadeiro diário das continuidades e descontinuidades desse processo, seja em
um setor econômico uma cidade, uma região, um país ou o mundo. (p. 6)
É nossa tarefa[AC1] ,
como repórteres e editores, facilitar a compreensão em um mundo difícil de
entender e que às vezes apresenta uma lógica simplesmente bizarra e absurda.
Mas devemos tentar. (p. 6)
como repórteres e editores, facilitar a compreensão em um mundo difícil de
entender e que às vezes apresenta uma lógica simplesmente bizarra e absurda.
Mas devemos tentar. (p. 6)
É tão difícil explica-las [AC2] [as
notícias econômicas] que boa parte dos jornalistas de economia preferiu
desistir. Criou-se no Brasil, nos últimos anos, um mito segundo o qual as
notícias de economia são chatas (sem
que se especifique o que é chato). E
que, como o leitor não as lê, não merecem ser buscadas, e muito menos
explicadas ao grande público. (p. 6)
notícias econômicas] que boa parte dos jornalistas de economia preferiu
desistir. Criou-se no Brasil, nos últimos anos, um mito segundo o qual as
notícias de economia são chatas (sem
que se especifique o que é chato). E
que, como o leitor não as lê, não merecem ser buscadas, e muito menos
explicadas ao grande público. (p. 6)
Não há notícias chatas. Há matérias chatas, feitas por
repórteres e editores chatos, para publicações chatas. (p. 7)
repórteres e editores chatos, para publicações chatas. (p. 7)
Muitas pessoas acreditam em coisas sem dúvida mais difíceis de
acreditar[AC3] :
creem em vida em outros mundos, vida após a morte, na felicidade eterna, e por
aí afora. Mas não acreditam que seja possível, através das notícias, do estudo
e da reflexão, combinados, conferir sentido à própria vida e à sociedade em que
vivem. Vivem, portanto, em uma fantasia. (9)
acreditar[AC3] :
creem em vida em outros mundos, vida após a morte, na felicidade eterna, e por
aí afora. Mas não acreditam que seja possível, através das notícias, do estudo
e da reflexão, combinados, conferir sentido à própria vida e à sociedade em que
vivem. Vivem, portanto, em uma fantasia. (9)
É preciso, às vezes,
lembrar-se de quando você era uma criança e tinha a leveza de fazer as
perguntas que ninguém fazia, de ir atrás das respostas onde ninguém tinha
procurado. (9)
lembrar-se de quando você era uma criança e tinha a leveza de fazer as
perguntas que ninguém fazia, de ir atrás das respostas onde ninguém tinha
procurado. (9)
Apenas
se o público puder sentir que seu jornal, [AC4] revista,
emissora de rádio e TV ou site de Internet funcionam como uma alternativa à
banalização e à mesmice do noticiário – apenas aí o jornalismo terá sua chance.
Caso contrário estaremos malbaratando uma instituição muito essencial à
democracia cujos valores foram defendidos com muito sacrifício para que, no
mínimo, pudessem valer. (16)
se o público puder sentir que seu jornal, [AC4] revista,
emissora de rádio e TV ou site de Internet funcionam como uma alternativa à
banalização e à mesmice do noticiário – apenas aí o jornalismo terá sua chance.
Caso contrário estaremos malbaratando uma instituição muito essencial à
democracia cujos valores foram defendidos com muito sacrifício para que, no
mínimo, pudessem valer. (16)
Não
temos noção clara de quais são os fatores que acabarão por ter influência
direta sobre nossas vidas[AC5] .
O valor intrínseco da informação, portanto, é o de conferir significado a esse
quebra-cabeça gigantesco e misterioso. Tais fatores são ainda mais enigmáticos
quando procuramos compreender o significado das notícias econômicas. (16)
temos noção clara de quais são os fatores que acabarão por ter influência
direta sobre nossas vidas[AC5] .
O valor intrínseco da informação, portanto, é o de conferir significado a esse
quebra-cabeça gigantesco e misterioso. Tais fatores são ainda mais enigmáticos
quando procuramos compreender o significado das notícias econômicas. (16)
A imprensa, que tanta diferença fez no Brasil para
contribuir com a causa da liberdade, pode estar se afastando demais de sua
tarefa original de preservar o direito sagrado de informação, assegurado na
Constituição. Exatamente porque não vê, em muitos casos, a si mesma como portadora
desses valores[AC6] ,
está trocando a informação pelo entretenimento. (17)
contribuir com a causa da liberdade, pode estar se afastando demais de sua
tarefa original de preservar o direito sagrado de informação, assegurado na
Constituição. Exatamente porque não vê, em muitos casos, a si mesma como portadora
desses valores[AC6] ,
está trocando a informação pelo entretenimento. (17)
Ética é um conjunto de valores. A ética é essencialmente a
criação cultural de um agrupamento humano. Não tem valor absoluto, nem no
espaço nem no tempo. Enquanto as leis podem aspirar a ter essa ubiquidade (a
propriedade de estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo), o mesmo não
ocorre com a ética, que é pertinente às convicções de um grupo social sob
circunstâncias muito específicas em que esse grupo vive. 20
criação cultural de um agrupamento humano. Não tem valor absoluto, nem no
espaço nem no tempo. Enquanto as leis podem aspirar a ter essa ubiquidade (a
propriedade de estar presente em todos os lugares ao mesmo tempo), o mesmo não
ocorre com a ética, que é pertinente às convicções de um grupo social sob
circunstâncias muito específicas em que esse grupo vive. 20
A imprensa não é um tribunal, por isso não se pode esperar dela que tenha o comportamento
de um[AC7] .
Entretanto, como na prática ela cria as condições para o julgamento de
reputações por parte da opinião pública, é bom que nos lembremos dos princípios
que estão em jogo toda vez que alguém é julgado, seja por quem for. 23
de um[AC7] .
Entretanto, como na prática ela cria as condições para o julgamento de
reputações por parte da opinião pública, é bom que nos lembremos dos princípios
que estão em jogo toda vez que alguém é julgado, seja por quem for. 23
Aqui em geral predominam empresas familiares, que ocupam
nichos de mercado em praças que dominam de maneira quase cartorial. 39
nichos de mercado em praças que dominam de maneira quase cartorial. 39
Empresas de comunicação, políticos e mesmo jornalistas
sonharam com o dia em que passasse no congresso Nacional a legislação que
permitiria o ingresso do capital estrangeiro na mídia[AC8] ,
no Brasil. A reflexão que todos deveríamos fazer agora é a de se não estaremos
ainda mais à mercê de editoras dependentes de conglomerados do que já começamos
a ficar quando editoras buscam freneticamente cumprir com os requisitos da
racionalidade empresarial. 40
sonharam com o dia em que passasse no congresso Nacional a legislação que
permitiria o ingresso do capital estrangeiro na mídia[AC8] ,
no Brasil. A reflexão que todos deveríamos fazer agora é a de se não estaremos
ainda mais à mercê de editoras dependentes de conglomerados do que já começamos
a ficar quando editoras buscam freneticamente cumprir com os requisitos da
racionalidade empresarial. 40
O mau jornalismo pode deixar as pessoas perigosamente mal
informadas ( DOWNIE JR., KAISER In BASILE, p. 41)
informadas ( DOWNIE JR., KAISER In BASILE, p. 41)
…quando ocorre, e isso é frequente, a confusão entre notícia e opinião[AC9] ,
a imprensa não colabora para o amadurecimento da democracia. Bem ao contrário,
ao não fixar claramente os limites entre a asserção e a verificação, ao
confundi-los, almeja ser a portadora de uma verdade dogmática sobre tudo e
todos. Julga não apenas ser possível, mas útil e necessário infantizar sua
relação com a opinião pública, zombando da inteligência do leitor, do ouvinte e
do telespectador. 43
a imprensa não colabora para o amadurecimento da democracia. Bem ao contrário,
ao não fixar claramente os limites entre a asserção e a verificação, ao
confundi-los, almeja ser a portadora de uma verdade dogmática sobre tudo e
todos. Julga não apenas ser possível, mas útil e necessário infantizar sua
relação com a opinião pública, zombando da inteligência do leitor, do ouvinte e
do telespectador. 43
A maneira que as sociedades civilizadas encontraram de saber
como as coisas andam nessa relação entre empresa e sociedade é fazê-lo através
da imprensa. Não só através dela, claro, pois a riqueza e a diversidade de
atores e instituições sociais permitem que a democracia funcione como um belo e
em geral eficaz sistema de freios e contrapesos. Mas que a imprensa tem o
direito e o dever de não se furtar à sua missão primordial de informar, disso
não há qualquer dúvida. Portanto, só por incompetência a imprensa de negócios
não há de considerar importantes as empresas para a geração de notícias. 53
como as coisas andam nessa relação entre empresa e sociedade é fazê-lo através
da imprensa. Não só através dela, claro, pois a riqueza e a diversidade de
atores e instituições sociais permitem que a democracia funcione como um belo e
em geral eficaz sistema de freios e contrapesos. Mas que a imprensa tem o
direito e o dever de não se furtar à sua missão primordial de informar, disso
não há qualquer dúvida. Portanto, só por incompetência a imprensa de negócios
não há de considerar importantes as empresas para a geração de notícias. 53
A imagem é algo que você pode ambicionar transmitir; a
reputação é algo que as pessoas absorvem, algo que elas sabem instintivamente a respeito dessas empresas e marcas. Imagem
tem a ver com informações; reputação, com valores – esse é o resumo [AC10] da ópera. 63
reputação é algo que as pessoas absorvem, algo que elas sabem instintivamente a respeito dessas empresas e marcas. Imagem
tem a ver com informações; reputação, com valores – esse é o resumo [AC10] da ópera. 63
Quando foram feitas as privatizações, poucas pessoas se atreveriam a
prognosticar [AC11] as mudanças [AC12] que hoje sentimos no cotidiano das nossas
vidas. Sabíamos que mudariam, mas não sabíamos como. Tínhamos uma ideia
aproximada do impacto econômico [AC13] dessas alterações, mas pouco pensamos sobre
a variável política e muito menos ainda sobre as consequências sociais. E elas estão
ai. 59[AC14]
prognosticar [AC11] as mudanças [AC12] que hoje sentimos no cotidiano das nossas
vidas. Sabíamos que mudariam, mas não sabíamos como. Tínhamos uma ideia
aproximada do impacto econômico [AC13] dessas alterações, mas pouco pensamos sobre
a variável política e muito menos ainda sobre as consequências sociais. E elas estão
ai. 59[AC14]
História do
Jornalismo Econômico
Jornalismo Econômico
Sidney Basile (2002) coloca a morte de Chateaubriand e o fim
do seu império Diários Associados como um marco para a imprensa brasileira.
Depois destes fatos, na dácada de 1960, a imprensa brasileira começa a se
modernizar e aumenta o interesse pela cobertura econômica.
do seu império Diários Associados como um marco para a imprensa brasileira.
Depois destes fatos, na dácada de 1960, a imprensa brasileira começa a se
modernizar e aumenta o interesse pela cobertura econômica.
A ditadura brasileira diminui o espaço do jornalismo político [AC15] com as pressões da regulação da liberdade
de imprensa pelos Atos Institucionais, especialmente o quinto ato, de 1968.
Apesar de restringir a liberdade de imprensa e do povo, a economia começa a
prosperar dando início ao período conhecido como “milagre econômico brasileiro”,
nos anos 1970. Este foi um período de crescimento com baixa inflação e forte
endividamento externo do Estado para bancar a industrialização pesada da época.
As consequências dessas medidas foram sentidas na década de 1980, quando o país
passa por uma crise inflacionária.
de imprensa pelos Atos Institucionais, especialmente o quinto ato, de 1968.
Apesar de restringir a liberdade de imprensa e do povo, a economia começa a
prosperar dando início ao período conhecido como “milagre econômico brasileiro”,
nos anos 1970. Este foi um período de crescimento com baixa inflação e forte
endividamento externo do Estado para bancar a industrialização pesada da época.
As consequências dessas medidas foram sentidas na década de 1980, quando o país
passa por uma crise inflacionária.
A dinâmica da economia junto da liberdade cerceada da
imprensa e da população deram origem ao economês. Como coloca Basile (2002):
“Quando perguntados a respeito de quaisquer dúvidas que suas decisões possam
suscitar, essas autoridades esgrimem com grande desenvoltura argumentos
técnicos incompreensíveis à maioria dos mortais” (p. 72). Um dos únicos
jornalistas da época que se dispôs a traduzir as reportagens e anúncios sobre
economia foi Joelmir Beting em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo.
imprensa e da população deram origem ao economês. Como coloca Basile (2002):
“Quando perguntados a respeito de quaisquer dúvidas que suas decisões possam
suscitar, essas autoridades esgrimem com grande desenvoltura argumentos
técnicos incompreensíveis à maioria dos mortais” (p. 72). Um dos únicos
jornalistas da época que se dispôs a traduzir as reportagens e anúncios sobre
economia foi Joelmir Beting em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo.
Em 1967 surge a revista Exame,
a partir de uma editoria da Veja. “A Exame
é cronologicamente, a primeira expedição séria no sentido de viabilizar um
veículo nacional de economia.” (p. 72). A publicação fez sucesso e ao longo de
30 anos liderou essa fatia do mercado editorial sozinha, além disso contribuiu
para o surgimento de outras revistas especializadas da Editora Abril, como a VOCÊ SA
e Meu Dinheiro. Uma outra revista,
pouco conhecida atualmente, chamada Expansão,
também colaborou para o jornalismo eocnômico brasileiro. Fundada por um
ex-aluno da universidade Harvard, Harvey Poppel, em 1971, a revista Expansão
era “um curioso e fascinante modelo de revista de negócios, porque tinha, em
embrião, todas as características que marcariam, depois, a evolução da imprensa
no Brasil” (BASILE, 2002, p. 73). Esta foi a primeira revista a ter as
características da atual imprensa econômica do Brasil: ela tinha circulação e
cobertura nacionais e focada nas ações de empresários.
a partir de uma editoria da Veja. “A Exame
é cronologicamente, a primeira expedição séria no sentido de viabilizar um
veículo nacional de economia.” (p. 72). A publicação fez sucesso e ao longo de
30 anos liderou essa fatia do mercado editorial sozinha, além disso contribuiu
para o surgimento de outras revistas especializadas da Editora Abril, como a VOCÊ SA
e Meu Dinheiro. Uma outra revista,
pouco conhecida atualmente, chamada Expansão,
também colaborou para o jornalismo eocnômico brasileiro. Fundada por um
ex-aluno da universidade Harvard, Harvey Poppel, em 1971, a revista Expansão
era “um curioso e fascinante modelo de revista de negócios, porque tinha, em
embrião, todas as características que marcariam, depois, a evolução da imprensa
no Brasil” (BASILE, 2002, p. 73). Esta foi a primeira revista a ter as
características da atual imprensa econômica do Brasil: ela tinha circulação e
cobertura nacionais e focada nas ações de empresários.
A revista Expansão foi comprada pela Editora Abril e
incorporada à Exame em 1975. Muitos de seus jornalistas foram para o jornal Gazeta Mercantil – que investiu em sua
redação para ampliar a sua cobertura econômica –, inclusive o primeiro diretor
de Redação, Roberto Muller Filho.
incorporada à Exame em 1975. Muitos de seus jornalistas foram para o jornal Gazeta Mercantil – que investiu em sua
redação para ampliar a sua cobertura econômica –, inclusive o primeiro diretor
de Redação, Roberto Muller Filho.
“A Gazeta Mercantil
acabaria se revelando um produto maior do que a empresa que gerara, o que veio
lhe rendendo, ao longo dos anos, não poucos problemas. O conceito original que levou o jornal a se
tornar nacional foi a ideia de que um produto como esse não pode aspirar a se
tornar a primeira leitura em cada cidade onde estiver. O primeiro veículo que é
lido em geral é o jornal local, porque as notícias que interessam à média dos
leitores em primeiro lugar são as locais, como polícia, geral, política etc. Mas
o jornal podia aspirar a ser o melhor segundo jornal em todas as cidades onde
fosse distribuído. E assim foi feito.” (74)
acabaria se revelando um produto maior do que a empresa que gerara, o que veio
lhe rendendo, ao longo dos anos, não poucos problemas. O conceito original que levou o jornal a se
tornar nacional foi a ideia de que um produto como esse não pode aspirar a se
tornar a primeira leitura em cada cidade onde estiver. O primeiro veículo que é
lido em geral é o jornal local, porque as notícias que interessam à média dos
leitores em primeiro lugar são as locais, como polícia, geral, política etc. Mas
o jornal podia aspirar a ser o melhor segundo jornal em todas as cidades onde
fosse distribuído. E assim foi feito.” (74)
A imprensa econômica brasileira especializa-se ainda mais
depois da redemocratização em 1985.
depois da redemocratização em 1985.
“Isso era necessário para que o público entendesse a complexidade
das questões envolvidas nas tentativas de proceder à estabilização da moeda;
entender como e por que o Brasil tinha quebrado, nos idos de 1981; quais as
novas condições da retomada do crescimento e, sobretudo, por que éramos uma
nação tão injustamente dividida entre ricos e pobres” (p. 75)
das questões envolvidas nas tentativas de proceder à estabilização da moeda;
entender como e por que o Brasil tinha quebrado, nos idos de 1981; quais as
novas condições da retomada do crescimento e, sobretudo, por que éramos uma
nação tão injustamente dividida entre ricos e pobres” (p. 75)
A cobertura de economia ganhou espaço também na televisão;
no impresso ela observou uma segmentação com publicações especializadas por
setores da economia brasileira.
no impresso ela observou uma segmentação com publicações especializadas por
setores da economia brasileira.
“Poucos eventos em nossa História recente terão tido tanta
importância para o crescimento da imprensa econômica quanto o confisco da
poupança [AC16] empreendido pelo presidente Fernando Collor
de Mello em 1990” (p. 76)
importância para o crescimento da imprensa econômica quanto o confisco da
poupança [AC16] empreendido pelo presidente Fernando Collor
de Mello em 1990” (p. 76)
Atualmente as novas tecnologias possibilitam um leque de
informações econômicas não visto antes. Notícias e estatísticas do mercado
global estão disponíveis aos agentes econômicos, aos jornalistas e aos curiosos
por meio de sites especializados de fácil acesso a todos.
informações econômicas não visto antes. Notícias e estatísticas do mercado
global estão disponíveis aos agentes econômicos, aos jornalistas e aos curiosos
por meio de sites especializados de fácil acesso a todos.
O mercado ficou mais competitivo. (…) Hoje, “além da Gazeta Mercantil exite o Valor
Econômico, lançado em março de 2000 por uma joint-venture entre as Organizações Globo e a Folha de S. Paulo. Um terceiro, o mais
antigo deles – DCI, Diário do Comércio e
Indústria – voltou
[AC17] à cena no primeiro semestre de 2002.” (p.
77)
Econômico, lançado em março de 2000 por uma joint-venture entre as Organizações Globo e a Folha de S. Paulo. Um terceiro, o mais
antigo deles – DCI, Diário do Comércio e
Indústria – voltou
[AC17] à cena no primeiro semestre de 2002.” (p.
77)
Surge também concorrência para a revista que até então
dominava o mercado. Entre as décadas de 1990 e 2000 são lançadas as revistas Carta Capital, America Economica, Forbes
e IstoÉ Dinheiro que disputam espaço
mesmo sem alcançar a tiragem da Exame. Emissoras de rádio também ganham a atenção do
público, especialmente dos motoristas que ficam horas no trânsito para se
locomoverem nos grandes centros.
dominava o mercado. Entre as décadas de 1990 e 2000 são lançadas as revistas Carta Capital, America Economica, Forbes
e IstoÉ Dinheiro que disputam espaço
mesmo sem alcançar a tiragem da Exame. Emissoras de rádio também ganham a atenção do
público, especialmente dos motoristas que ficam horas no trânsito para se
locomoverem nos grandes centros.
As diferentes
maneiras de cobrir economia
maneiras de cobrir economia
Uma boa definição da imprensa é a de que ela é uma espécie
de borrador da história. É o registro, muitas vezes em forma de rascunho –
impreciso, inexato, disperso – de fatos e tendências que, muito tempo depois,
teremos entendido como decisivos para que o país tenha seguido um rumo ou
outro. Ou então teremos visto que o fragor de tantas crises e dores e
lamentações não deixaram traço nos livros de História” (p. 82)
de borrador da história. É o registro, muitas vezes em forma de rascunho –
impreciso, inexato, disperso – de fatos e tendências que, muito tempo depois,
teremos entendido como decisivos para que o país tenha seguido um rumo ou
outro. Ou então teremos visto que o fragor de tantas crises e dores e
lamentações não deixaram traço nos livros de História” (p. 82)
Fazer a cobertura macroeconômica ou microeconômica?
Macro: “exame das contas nacionais, da inflação, juros,
atividade econômica, nível de emprego, dívidas interna e externa para, a partir
deles, e da interação deles com a política e a sociedade, tirar e oferecer conclusões para sua
audiência[AC18] ” (p. 83)
atividade econômica, nível de emprego, dívidas interna e externa para, a partir
deles, e da interação deles com a política e a sociedade, tirar e oferecer conclusões para sua
audiência[AC18] ” (p. 83)
Micro: “só importam os agentes econômicos, as empresas, os
profissionais, os empresários, os executivos, os trabalhadores, os
consumidores, interagindo nas suas infinitas transações, que precisam ser
descobertas de forma que, nelas, se descubra onde está a originalidade, a
criatividade, o talento na busca do lucro.” (p. 83)
profissionais, os empresários, os executivos, os trabalhadores, os
consumidores, interagindo nas suas infinitas transações, que precisam ser
descobertas de forma que, nelas, se descubra onde está a originalidade, a
criatividade, o talento na busca do lucro.” (p. 83)
“No Brasil dos últimos 30 anos, a profissionalização da
imprensa econômica se deu pelo fio condutor do macro par ao microeconômico.” 83
imprensa econômica se deu pelo fio condutor do macro par ao microeconômico.” 83
O regime militar foi, para Basile, um lobista [AC19] do Brasil ao controlar, pela censura, as
publicações da imprensa. Ele comunicava
suas ações de maneira difícil de entender, de maneira “hermética, (…),
complexa, cheia de chavões” (p. 84). Coube a imprensa explicar seus planos e
ações a partir de uma visão macro.
publicações da imprensa. Ele comunicava
suas ações de maneira difícil de entender, de maneira “hermética, (…),
complexa, cheia de chavões” (p. 84). Coube a imprensa explicar seus planos e
ações a partir de uma visão macro.
“O avanço dessa imprensa está marcado, portanto, além de sua
utilidade específica para a sua audiência (notícias, cotações, serviços), por
um profundo conteúdo político, no sentido de ter dado uma eficaz contribuição
para a saída do regime de arbítrio, ao mostrar, na prática, que ele não era
mais eficaz do ponto de vista econômico. Daí a força da cobertura [AC20] macroeconômica. Para finalizar, ela
colocava (ainda coloca, quando o faz bem nos dias de hoje), diante da opinião
pública, todos os dias, a necessidade de uma racionalização a respeito do curso
dos acontecimentos econômicos.” (p. 84)
utilidade específica para a sua audiência (notícias, cotações, serviços), por
um profundo conteúdo político, no sentido de ter dado uma eficaz contribuição
para a saída do regime de arbítrio, ao mostrar, na prática, que ele não era
mais eficaz do ponto de vista econômico. Daí a força da cobertura [AC20] macroeconômica. Para finalizar, ela
colocava (ainda coloca, quando o faz bem nos dias de hoje), diante da opinião
pública, todos os dias, a necessidade de uma racionalização a respeito do curso
dos acontecimentos econômicos.” (p. 84)
Até aqui Basile não criticou as privatizações e nem a
atitude da imprensa. Falou, em passant, sobre as multinacionais que precisavam
se comportar e sobre o poder de elas contruírem sua imagem e reputação por meio
da propaganda. Quando fala da cobertura midiática, o surgimento de novos
jornais e a força que a imprensa ganha com a redemocratização brasileira,
Basile não menciona quais foram as relações entre essa imprensa econômica e as
multinacionais ou entre ela e o governo, por exemplo!
atitude da imprensa. Falou, em passant, sobre as multinacionais que precisavam
se comportar e sobre o poder de elas contruírem sua imagem e reputação por meio
da propaganda. Quando fala da cobertura midiática, o surgimento de novos
jornais e a força que a imprensa ganha com a redemocratização brasileira,
Basile não menciona quais foram as relações entre essa imprensa econômica e as
multinacionais ou entre ela e o governo, por exemplo!
Na arena microeconômica o jornalista é também um personagem
porque, afinal, atribui a si mesmo a capacidade de apurar o que é relevante e
discriminá-lo em relação ao que não é[AC21] . Às vezes, os editores conseguem isso
brilhantemente; às vezes, fracassam miseravelmente. 85
porque, afinal, atribui a si mesmo a capacidade de apurar o que é relevante e
discriminá-lo em relação ao que não é[AC21] . Às vezes, os editores conseguem isso
brilhantemente; às vezes, fracassam miseravelmente. 85
Cobertura setorial (vertical) x cobertura geográfica
(horizontal)
(horizontal)
O futuro da mídia segmentada no Brasil é simplesmente
brilhante. Por quê? Porque a economia tem crescido muito e a imprensa não
acompanhou esse crescimento. Além disso, com o advento da Internet, a imposição
da cobertura segmentada será inexorável, pois esta é uma mídia segmentada por
excelência e organizará sua própria demanda e seu próprio mercado. 86
brilhante. Por quê? Porque a economia tem crescido muito e a imprensa não
acompanhou esse crescimento. Além disso, com o advento da Internet, a imposição
da cobertura segmentada será inexorável, pois esta é uma mídia segmentada por
excelência e organizará sua própria demanda e seu próprio mercado. 86
O jornalismo econômico moderno surgiu no Brasil como uma
alternativa à negação da política que a ditadura determinara. Durante seus
primeiros anos foi algo neutro, navegante de números e teses abstratas para se
excluir da repressão e da censura. Mas criou algumas das bases racionais mais
poderosas que levaram a opinião pública a repudiar o regime autoritário. 88
alternativa à negação da política que a ditadura determinara. Durante seus
primeiros anos foi algo neutro, navegante de números e teses abstratas para se
excluir da repressão e da censura. Mas criou algumas das bases racionais mais
poderosas que levaram a opinião pública a repudiar o regime autoritário. 88
A pauta no jornalismo
econômico
econômico
Uma das formas insidiosas de ceder à burocracia é a de se
deixar pautar pelos outros. O impulso de ceder diante disso é muito grande,
porque todos os emissores de informação que giram em torno da imprensa
econômica estão continuamente agindo para obter a assimilação, pelo jornalista
e pelo veículo que ele representa, dos pontos de vista que esses emissores
desejam, e não necessariamente a verdade dos fator. 99
deixar pautar pelos outros. O impulso de ceder diante disso é muito grande,
porque todos os emissores de informação que giram em torno da imprensa
econômica estão continuamente agindo para obter a assimilação, pelo jornalista
e pelo veículo que ele representa, dos pontos de vista que esses emissores
desejam, e não necessariamente a verdade dos fator. 99
A edição no
jornalismo econômico
jornalismo econômico
Quando você decide que tal história deve ir para a manchete
do jornal, ou a capa da revsta, ou a escalada do noticiário de televisão, você
está, de fato, decidindo que esse tema é mais importante do que todos os
outros. 126
do jornal, ou a capa da revsta, ou a escalada do noticiário de televisão, você
está, de fato, decidindo que esse tema é mais importante do que todos os
outros. 126
A Exame tem um ponto de vista que, embora seja difícil de
sintetizar, valoriza o exemplo dos empreendedores, identifica e reconhece a boa
gestão, exalta a responsabilidade corporativa e fiscaliza [AC22] o poder público. 126
sintetizar, valoriza o exemplo dos empreendedores, identifica e reconhece a boa
gestão, exalta a responsabilidade corporativa e fiscaliza [AC22] o poder público. 126
Conte o que tem que contar, mantenha o leitor preso ao
assunto que levantou e vá até o fim. No final, despeça-se dele com estilo,
provando que entregou o que se propunha mostrar no começo da matéria. E
remeta-o à próxima, porque esse é o nosso trabalho 130
assunto que levantou e vá até o fim. No final, despeça-se dele com estilo,
provando que entregou o que se propunha mostrar no começo da matéria. E
remeta-o à próxima, porque esse é o nosso trabalho 130
O futuro
Quem tem controle sobre o processo de produção da informação
tem controle sobre o consumidor da informação. (…) É por isso que a
informação assume um caráter central na vida cotidiana. Estamos embebidos dela
como do ar que nos cerca. Somos os consumidores dela, os seus pacientes, o
público, a audiência, o mercado, que é o objeto da produção de informação que
virou entretenimento que é uma tosca reprodução da vida em que vivemos. 183
tem controle sobre o consumidor da informação. (…) É por isso que a
informação assume um caráter central na vida cotidiana. Estamos embebidos dela
como do ar que nos cerca. Somos os consumidores dela, os seus pacientes, o
público, a audiência, o mercado, que é o objeto da produção de informação que
virou entretenimento que é uma tosca reprodução da vida em que vivemos. 183
Mídia econômica
O conteúdo da informação precisa estar disponível para o
usuário na hora em que ele quiser, e no formato em que ele quiser. Isso obriga
as mídias a um processo de convergência, pelo qual todo o conteúdo possa estar
acessível, da maneira mais cômoda possível, para o usuário. 194
usuário na hora em que ele quiser, e no formato em que ele quiser. Isso obriga
as mídias a um processo de convergência, pelo qual todo o conteúdo possa estar
acessível, da maneira mais cômoda possível, para o usuário. 194
[AC3]Trecho
para o que é e o que deveria ser o jor econômico. Talvez para falar sobre qual
é o caminho para um bom jornalismo econômico.
para o que é e o que deveria ser o jor econômico. Talvez para falar sobre qual
é o caminho para um bom jornalismo econômico.
[AC5]INCERTEZA
de Keynes. Resgatar citação de Keynes sobre a importância da informação para a
tomada de decisão dos capitalistas. Essa citação é uma possível abertura para o
pré-projeto para falar sobre a realidade e a importância do jornalismo
econômico. Uma justificativa sobre as informações corretas para as tomadas de
decisão dos agentes econômicos!
de Keynes. Resgatar citação de Keynes sobre a importância da informação para a
tomada de decisão dos capitalistas. Essa citação é uma possível abertura para o
pré-projeto para falar sobre a realidade e a importância do jornalismo
econômico. Uma justificativa sobre as informações corretas para as tomadas de
decisão dos agentes econômicos!
1.2.
Papel da mídia no jornalismo econômico: o que é e o que deveria ser?
Papel da mídia no jornalismo econômico: o que é e o que deveria ser?
[AC7]Ou
pelo menos não deveria se esperar um julgamento. CXitação importante para
contrapor com possíveis julgamentos de valor da Veja e cia.
pelo menos não deveria se esperar um julgamento. CXitação importante para
contrapor com possíveis julgamentos de valor da Veja e cia.
[AC10]Nesta
página 63, Basile fala sobre como as empresas constroem sua imagem e sua
reputação para o público e o que uma empresa que ganha um leilão de
privatização tem que fazer para “evitar confusão”…
página 63, Basile fala sobre como as empresas constroem sua imagem e sua
reputação para o público e o que uma empresa que ganha um leilão de
privatização tem que fazer para “evitar confusão”…
[AC12]Quais?
[AC14]Talvez
esse trecho possa abrir o projeto, dando um cenário das privatizações na visão
do Basile…
esse trecho possa abrir o projeto, dando um cenário das privatizações na visão
do Basile…
[AC15]Basile
não diz quando exatamente o jornalismo econômico começa a tomar corpo na
imprensa brasileira!!! Verificar nas outras obras…
não diz quando exatamente o jornalismo econômico começa a tomar corpo na
imprensa brasileira!!! Verificar nas outras obras…
[AC16]Ver
se há algo útil no livro Notícias do Planalto e na matéria do Mario conti da
piauí sobre Collor
se há algo útil no livro Notícias do Planalto e na matéria do Mario conti da
piauí sobre Collor
[AC19]Quem
é o lobista hoje? Essa característica do governo continuou mesmo depois da
redemocratização?
é o lobista hoje? Essa característica do governo continuou mesmo depois da
redemocratização?
[AC22]Será?