O modelo de metas de inflação do
Banco Central do Brasil foi elaborado na década de 1990 num esforço de estudo e
união de arcabouços teóricos passados a fim de enfrentar particularidades da
economia brasileira e enfrentar a inflação até então encarada como um problema
brasileiro. A nova síntese na qual se abraça as proposições do modelo de metas
brasileiro traz consigo ideias assimiladas em outras escolas, desde os
monetaristas como taxa natural de desemprego e a curva de Philips
aceleracionista até ideias de novos keynesianos como a ideia de rigidezes de
preço e de mercado. Dos novos clássicos trazem consigo as expectativas
racionais dos agentes que avaliam e consideram expectativas futuros de inflação
para suas decisões e não inflações passadas como eram formadas as expectativas
adaptativas dos monetárias. Além dessas expectativas racionais, a nova síntese
também agrega elementos microeconômicos como a concorrência imperfeita entre os
agentes, a assimetria de informações e não existência do Market clearing na
estabilidade geral da economia vindos da escola novo keynesiana.
das metas de inflação são o instrumento político deste novo arcabouço cujo
objetivo é a estabilidade de preços. A ideia de metas remonta à ideia de
política monetária por meio de regras lançada pelos monetaristas na década de
1950 – uma ideia a fim de evitar surpresas para os agentes e para criar ou
impedir o surgimento de ilusões monetárias que afetariam variáveis reais no
curto prazo. A diferença, contudo, é que as metas de inflação pressupõem regras
não estritas, ou seja, há um espaço para uma discricionalidade contida, assim
como foi proposto pelos novos keynesianos, a fim de enfrentar desajustes
econômicos dentro de um espaço de ação, o que é chamado de um regime de
molduras. Ao considerar a influência da inflação passada, os hiatos do produto
propostos pelos novos keynesianos e a taxa de câmbio, o Banco central determina
a taxa de juros, instrumento utilizado por ele de forma supostamente
independente a fim de garantir a estabilidade de preços nesta economia.
taxa de juros, o Banco Central precisa ser crível e independente. Independente
na prática para evitar ativismos políticos que possam ter efeitos retardados na
economia por conta dos lags temporais existentes entre a execução da política
monetária e seu efeito sobre a economia. E deve ser crível para que os agentes
econômicos possam assimilar de forma clara os movimentos da base monetária e da
taxa de juros mesmo com as rigidezes de mercado previstas pelos novos
keynesianos em crítica às informações perfeitas apontadas pelos novos
clássicos. Apesar de a nova síntese pressupor a assimetria de informações e a
concorrência imperfeita entre os agentes do mercado, as expectativas dos
agentes são formuladas racionalmente, ou seja, esses agentes estipulam taxas de
inflação futuras com base nas informações de que dispõem atualmente. Para que
essas expectativas não sejam frustradas, ou seja, para que não hajam surpresas
após a formulação das expectativas e a tomada de decisões, é preciso que haja
transparência nas informações e credibilidade no Banco Central. Caso não hajam
estes pressupostos, a produção corrente pode se desviar da produção natural
daquela economia, ou seja, erros expectacionais geram o desequilíbrio
macroeconômico até nas metas de inflação do Banco Central do Brasil.
representados por meio das fórmulas das curvas de Philips, na curva IS e na
curva da reação do Banco Central, fórmulas utilizadas para a determinação da
taxa de juros para aquele momento da economia. As fórmulas propõem uma análise
do hiato do produto, ou seja, a diferença entre Yn e Yt, das expectativas
quanto à inflação e também da inflação externa/internacional a fim de se
determinar essa taxa de juros. As singularidades das fórmulas do BC são
considerar (1) os hiatos do produto de dois períodos passados e não apenas do
período estritamente passado como apresenta Snowdon e Arestes; (2) a taxa de
câmbio expressa na inflação externa e seus efeitos sobre a taxa de juros
interna a fim de evitar ou facilitar a entrada de capitais estrangeiros num
regime de câmbio flutuante e, com isso, controlar a inflação que essa taxa de
câmbio pode gerar na economia; e (3) o crédito que aparece na forma de taxa de
juros nas fórmulas do BC – taxa de juros esta que tem a capacidade de aumentar
ou diminuir financiamentos –, três mecanismos de transmissão da política
monetária para a economia. Essas análises são feitas nas reuniões do Copom que,
como são apresentadas em suas atas, consideram tanto o mercado nacional quanto
o internacional e seus efeitos sobre as decisões de agentes e sobre a renda
nacional.