A longo prazo em qualquer nível ou esfera em que ocorresse
estruturalmente, a integração nacional produzia efeitos que ultrapassavam o
mero despojamento dos caracteres geteronômicos da antiga ordem social,
conduzindo de fato à sua desagragação e à intensificação concomitante da
formação de caracteres autonômicos típicos de uma sociedade nacional (33)
estruturalmente, a integração nacional produzia efeitos que ultrapassavam o
mero despojamento dos caracteres geteronômicos da antiga ordem social,
conduzindo de fato à sua desagragação e à intensificação concomitante da
formação de caracteres autonômicos típicos de uma sociedade nacional (33)
Dois aspectos: I.
maior envolvimento das elites rurais para a formação de uma economia nacional –
absorção do liberalismo ideologia ligada ao processo de consciência social
vinculado à emancipação colonial. Num cenário onde a elite se sentia
“esbulhada” (explorada) pela colônia, o liberalismo obteve duas funções
típicas: preencher a função de dar forma às manifestações contra o “esbulho
nacional” propondo igualdade por meio da “emancipação dos estamentos senhoriais
das limitações oriundas do estatuto colonial e das formas de apropriação
colonial”; do outro lado teve a função de “redefinir (…) as relações de
dependência que continuariam a vigorar na vinculação do Brasil com o mercado
externo e as grandes potências da época” (34) “No fundo, porém, apenas
encobria, através de ficções toleráveis, diversas modalidades evidentes de
subordinação, que não seriam suprimidas nem alteradas, fundamentalmente, com a
extinção do estatuto colonial” (34)
maior envolvimento das elites rurais para a formação de uma economia nacional –
absorção do liberalismo ideologia ligada ao processo de consciência social
vinculado à emancipação colonial. Num cenário onde a elite se sentia
“esbulhada” (explorada) pela colônia, o liberalismo obteve duas funções
típicas: preencher a função de dar forma às manifestações contra o “esbulho
nacional” propondo igualdade por meio da “emancipação dos estamentos senhoriais
das limitações oriundas do estatuto colonial e das formas de apropriação
colonial”; do outro lado teve a função de “redefinir (…) as relações de
dependência que continuariam a vigorar na vinculação do Brasil com o mercado
externo e as grandes potências da época” (34) “No fundo, porém, apenas
encobria, através de ficções toleráveis, diversas modalidades evidentes de
subordinação, que não seriam suprimidas nem alteradas, fundamentalmente, com a
extinção do estatuto colonial” (34)
II. construção de um Estado Nacional: o Estado era meio para
realizar a internalização dos centros de decusão política e fim porque afirmava
e institucionalizava o predomínio político das elites e dos interesses
internos. Liberalismo com nítido caráter intrumental.
realizar a internalização dos centros de decusão política e fim porque afirmava
e institucionalizava o predomínio político das elites e dos interesses
internos. Liberalismo com nítido caráter intrumental.
“O Estado impôes-se
como a única entidade que podia ser manipulável desde o início, a partir da
stuação de interesses das elites nativas mas com vistas a sua progressiva
adaptação à filosofia política do liberalismo”” (35)
como a única entidade que podia ser manipulável desde o início, a partir da
stuação de interesses das elites nativas mas com vistas a sua progressiva
adaptação à filosofia política do liberalismo”” (35)
O liberalismo, portanto, contribuiu para orientar o
desenvolvimento da sociedade nacional uma vez que os senhores rurais precisaram
aprender a tomar suas decições independentes do nexo colonial que os
subordinava, porém, a estrutura criada continua ser, como Florestan Fernandes
define, “heteronômica” ou dependente. Isso tudo sem afetar a vida social, a escravidão e a forma tradicional de dominação patrimonialista.
desenvolvimento da sociedade nacional uma vez que os senhores rurais precisaram
aprender a tomar suas decições independentes do nexo colonial que os
subordinava, porém, a estrutura criada continua ser, como Florestan Fernandes
define, “heteronômica” ou dependente. Isso tudo sem afetar a vida social, a escravidão e a forma tradicional de dominação patrimonialista.
“Os antigos modelos patrimonialistas coninuaram a ter plena
vigência ao nível do domínio senhorial propriamente dito (ou seja, da
organização da economia escravista e das estruturas sociais que lege serviam de
base) e, como irradiações locaos oiu regionais, ao nível das relações sujeitas
ao prestígio pessoal dos senhores e ao poder de mando das grandes parentelas.
Todavia, a organização do “poder central” fopi colocada num plano independente
e superior, no qual aqueles models de domunicação se faziam sentir apenas de
maneira indireta e condicionante (principalmente através de controles sociais
reativos, que se vinculabam às opções feitas pelos representantes dos
estamentos senhoriais no exercício do poder político). Estabeleceu-se, assim,
uma dualidade estrutural entre as formas de dominação sagradas pela tradição e
as formas de poder criadas pela ordem legal. (…) compelia as capamadas
senhoriais a organizar sua domuniação especificamente política através da ordem
legal, ao mesmo tempo que conferia ao “poder central” meios para impor-se e
para superar, fradualmente, o impacto sufocante do patrimonialismo.” (37)
vigência ao nível do domínio senhorial propriamente dito (ou seja, da
organização da economia escravista e das estruturas sociais que lege serviam de
base) e, como irradiações locaos oiu regionais, ao nível das relações sujeitas
ao prestígio pessoal dos senhores e ao poder de mando das grandes parentelas.
Todavia, a organização do “poder central” fopi colocada num plano independente
e superior, no qual aqueles models de domunicação se faziam sentir apenas de
maneira indireta e condicionante (principalmente através de controles sociais
reativos, que se vinculabam às opções feitas pelos representantes dos
estamentos senhoriais no exercício do poder político). Estabeleceu-se, assim,
uma dualidade estrutural entre as formas de dominação sagradas pela tradição e
as formas de poder criadas pela ordem legal. (…) compelia as capamadas
senhoriais a organizar sua domuniação especificamente política através da ordem
legal, ao mesmo tempo que conferia ao “poder central” meios para impor-se e
para superar, fradualmente, o impacto sufocante do patrimonialismo.” (37)
Portanto, sem perder-se de vista as limitações e deformações
que sofreu numa sociedade e numa cultura tão avessas às suas implicações
sócio-econômicas, políticas, intelectuais e humanitárias, e acentando-se que,
ainda assim, ele só se constituiu em realidade histórica para as minorias
atuantes dos estamentos senhoriais, o liberalismo foi a força cultural viva da
revolução nacional brasileira. (38)
que sofreu numa sociedade e numa cultura tão avessas às suas implicações
sócio-econômicas, políticas, intelectuais e humanitárias, e acentando-se que,
ainda assim, ele só se constituiu em realidade histórica para as minorias
atuantes dos estamentos senhoriais, o liberalismo foi a força cultural viva da
revolução nacional brasileira. (38)
ideoligia liberal se
equacionou historicamente, acima de tudo, como uma ideologia da emancipação dos
elementos senhoriais da “tutela colonial” e só derivadamente, como
interferencia inevitável, ela assumiu o caráter de uma ideologia de emancipação
nacional.
equacionou historicamente, acima de tudo, como uma ideologia da emancipação dos
elementos senhoriais da “tutela colonial” e só derivadamente, como
interferencia inevitável, ela assumiu o caráter de uma ideologia de emancipação
nacional.
“Graças à essa transformação, o elemento senhorial volta
ao centro do palco, agora transfigurado em “cidadão”, que era no que o
convertia, para os fins da organização do poder político, a ordem legal
vigente. Assim, a ideologia liberal, inócua e excluída ao nível da dominação
patrimonialista (pela persistência concomitante da escravidão, do mandonismo,
do privatismo e do localismo), encontra na sociedade civil, nascida da
Independência, uma esfera na qual se afirma e dentro da qual preenche sua
função típica de transcender e negar a ordem existente” 39
ao centro do palco, agora transfigurado em “cidadão”, que era no que o
convertia, para os fins da organização do poder político, a ordem legal
vigente. Assim, a ideologia liberal, inócua e excluída ao nível da dominação
patrimonialista (pela persistência concomitante da escravidão, do mandonismo,
do privatismo e do localismo), encontra na sociedade civil, nascida da
Independência, uma esfera na qual se afirma e dentro da qual preenche sua
função típica de transcender e negar a ordem existente” 39
Foi preciso uma dinamização das polarizações ideológicas e
utópicas do liberalismo por meiode requisitos estruturais e funcionais de ordem
legal (ou seja, constituição de 1824).”liberalismo adquire a qualidade e a
continuidade de força politica permanente, embora sua influencia tópica fosse variável.
(…) As normas constitucionais que regulavam os direitos de escolha e de
representação, através de eleições primárias e das eleições indiretas bem como
o poder de decisão inerente aos diferentes mandatos eletivos e a possibilidade
aberta ao poder moderador de recrutar ministros e conselheiros de Estado entre
deputados e senadores condicionavam uma tal concentração do poder político ao nível de privilégios senhoriais,
que “sociedade civil” e “estamentos sociais dominantes” passaram a ser a mesma
coisa.” (p. 40)
utópicas do liberalismo por meiode requisitos estruturais e funcionais de ordem
legal (ou seja, constituição de 1824).”liberalismo adquire a qualidade e a
continuidade de força politica permanente, embora sua influencia tópica fosse variável.
(…) As normas constitucionais que regulavam os direitos de escolha e de
representação, através de eleições primárias e das eleições indiretas bem como
o poder de decisão inerente aos diferentes mandatos eletivos e a possibilidade
aberta ao poder moderador de recrutar ministros e conselheiros de Estado entre
deputados e senadores condicionavam uma tal concentração do poder político ao nível de privilégios senhoriais,
que “sociedade civil” e “estamentos sociais dominantes” passaram a ser a mesma
coisa.” (p. 40)
a chamada “massa dos cidadãos ativos” servia de pedestal e
de instrumento aos “cidadãos prestantes”, a verdadeira nata e os autênticos
donos do poder naquela sociedade civil.
de instrumento aos “cidadãos prestantes”, a verdadeira nata e os autênticos
donos do poder naquela sociedade civil.
Em que sentido a revolução política da Independência foi
legitima? Legitimidade diz respeto a meridos ou fundamentos de uma posição
privilegiada… foi legitimo porque a elite senhorial conseguiu assumir
controle da ordem legal e dar rumo à constituição da sociedade civil? Que
sociedade civil é esta que foi constituida?
legitima? Legitimidade diz respeto a meridos ou fundamentos de uma posição
privilegiada… foi legitimo porque a elite senhorial conseguiu assumir
controle da ordem legal e dar rumo à constituição da sociedade civil? Que
sociedade civil é esta que foi constituida?
Mudanças de estrutura (quando comparado a sociedade colonial
com a imperial) em três níveis:
com a imperial) em três níveis:
1) diferenciação dos papéis políticos do senhor, que se
metamorfoseia em senhor-cidadão – significado estrutural-funcional: as
probabilidades de mando do senhor, pela primeira vez, transcendem aos limites
do domínio senhorial e alcançam o poder político especificamente falando;
metamorfoseia em senhor-cidadão – significado estrutural-funcional: as
probabilidades de mando do senhor, pela primeira vez, transcendem aos limites
do domínio senhorial e alcançam o poder político especificamente falando;
2) formas de socialização que converteram privilégios
sociais comuns em fonte de solidariedade
social e de associação política. fica evidente a necessidade de integração
a visão de mundo daqueles senhores que estavam organizados estamentalmente, sem
relações com outros agentes. “A dominação senhorial alcança, dessa maneira, as
formas de poder político da sociedade ‘nacional’ e passa a ser um dos fatoress
mais importantes da integração de sua ordem social. Ele se transforma,
portanto, em dominação estamental
propriamente dita” (p. 42)
sociais comuns em fonte de solidariedade
social e de associação política. fica evidente a necessidade de integração
a visão de mundo daqueles senhores que estavam organizados estamentalmente, sem
relações com outros agentes. “A dominação senhorial alcança, dessa maneira, as
formas de poder político da sociedade ‘nacional’ e passa a ser um dos fatoress
mais importantes da integração de sua ordem social. Ele se transforma,
portanto, em dominação estamental
propriamente dita” (p. 42)
3)redução do espaço social dentro do qual as garantias
sociais estabelecidas legalmente podiam e deviam ter vigência ou eficácia. “O
liberalismo também se convertia em privilégio social. Ele fazia parte de
concepções e ideais que se aplicavam a ‘relações entre iguais’ e, por isso,
ficava confinado à convivência e ao destino dos membros dos estamentos
dominantes” (p. 42)
sociais estabelecidas legalmente podiam e deviam ter vigência ou eficácia. “O
liberalismo também se convertia em privilégio social. Ele fazia parte de
concepções e ideais que se aplicavam a ‘relações entre iguais’ e, por isso,
ficava confinado à convivência e ao destino dos membros dos estamentos
dominantes” (p. 42)
Limitações histórico-sociais da revolução da Independência:
impôs o império da dominação senhorial; mostra o caráter dúplice do liberalismo
<”Representava a via pela qual se restabeleceriam, encoberta mas
necessariamente, os nexos de dependência em relação ao exterior; desvendava o
caminho da autonomia e da supremacia não de um Povo, mas de uma pequena parte
dele, que lograra privilegiar seu prestígio social e apossar-se do controle do
destino da coletividade. Todavia, ao lado desses aspectos sombrios, o retrato
mostra a dignidade histórico-sociológica da Independência, como revolução
política e social, e as funções construtivas do liberalismo” (43)
impôs o império da dominação senhorial; mostra o caráter dúplice do liberalismo
<”Representava a via pela qual se restabeleceriam, encoberta mas
necessariamente, os nexos de dependência em relação ao exterior; desvendava o
caminho da autonomia e da supremacia não de um Povo, mas de uma pequena parte
dele, que lograra privilegiar seu prestígio social e apossar-se do controle do
destino da coletividade. Todavia, ao lado desses aspectos sombrios, o retrato
mostra a dignidade histórico-sociológica da Independência, como revolução
política e social, e as funções construtivas do liberalismo” (43)
Sociedade civil é sociedade e nação para o senhor-cidadão
A democracia não era uma condição geral da sociedade. Porém,
necessidade e recurso do equilíbrio, eficácia e continuidade da dominação
estamental. O debate democrático tinha por fim estabelecer os limites de acordo
(ou de desacordo) e as linhas possíveis de solução (ou de omissão)
recomendáveis, suscetíveis de merecer a aprovação ou de obter o consentimento
dos “cidadãos prestantes” e da parte socialmente válida dos “cidadãos ativos”.
Por essa razão, a sociedade civil constituía o ponto de referência do debate
político e encarnava, em última instância, o árbrito figurado que iria julgar
ou estaria julgando o mérito das decisões” (44)
necessidade e recurso do equilíbrio, eficácia e continuidade da dominação
estamental. O debate democrático tinha por fim estabelecer os limites de acordo
(ou de desacordo) e as linhas possíveis de solução (ou de omissão)
recomendáveis, suscetíveis de merecer a aprovação ou de obter o consentimento
dos “cidadãos prestantes” e da parte socialmente válida dos “cidadãos ativos”.
Por essa razão, a sociedade civil constituía o ponto de referência do debate
político e encarnava, em última instância, o árbrito figurado que iria julgar
ou estaria julgando o mérito das decisões” (44)
“a ordem legal perdia sua eficácia onde ou quando colidisse
com os interesses gerais dos estamentos senhoriais e sua importância para a
integração jurídico-política da sociedade nacional passou a depender do modo
pelo qual aqueles interesses filtravam ou correspondiam às formas de poder
político instituídas legalmente” (. 44)
com os interesses gerais dos estamentos senhoriais e sua importância para a
integração jurídico-política da sociedade nacional passou a depender do modo
pelo qual aqueles interesses filtravam ou correspondiam às formas de poder
político instituídas legalmente” (. 44)
Nação – interesses gerais dos estamentos senhoriais;
sociedade civil – formas de organização do poder político
instituídas legalmente
instituídas legalmente
Para objetivar-se e agir politicamente, no patrocínio de
seus “interesses gerais”, os estamentos dominantes precisavam do aparato
administrativo, policial, militar, jurídico e político inerente à ordem legal.
E precisavam dele não privada e localmente, mas no âmbito da Nação como um todo
(p. 45)
seus “interesses gerais”, os estamentos dominantes precisavam do aparato
administrativo, policial, militar, jurídico e político inerente à ordem legal.
E precisavam dele não privada e localmente, mas no âmbito da Nação como um todo
(p. 45)
Sem dúvida, nenhuma revolução sepulta todo o passado de um
Povo. Uma revolução que adquiriu conteúdo e consequências sociais por sua
natureza política, estava dasada a projetar antigas estruturas sociais e um
novo contexto político (p 46)
Povo. Uma revolução que adquiriu conteúdo e consequências sociais por sua
natureza política, estava dasada a projetar antigas estruturas sociais e um
novo contexto político (p 46)
O liberalismo era força para sepultar o passado
Estado preenchia duas funções: 1) manter estruturas sociais
para levá-las ao monopólio social do poder político; 2)expandir ou fomentar
variáveis que formariam a sociedade nacional;
para levá-las ao monopólio social do poder político; 2)expandir ou fomentar
variáveis que formariam a sociedade nacional;
A estrutura do patrimonialismo permanecia a mesma, pois
continuava a manter-se sobre a escravidão e a dominiação tradicional; O
aparecimento de um estado nacional, a burocratização da dominação senhorial ao
nível político e a expansão econômica subsequênte à Abertura dos portos
colocavam em novas bases, contudo, as funções econômicas e sociais dos
estamentos intermediários e superiores. 47
continuava a manter-se sobre a escravidão e a dominiação tradicional; O
aparecimento de um estado nacional, a burocratização da dominação senhorial ao
nível político e a expansão econômica subsequênte à Abertura dos portos
colocavam em novas bases, contudo, as funções econômicas e sociais dos
estamentos intermediários e superiores. 47
É esta área, ao mesmo tempo emaranhadamente ligada aos
interesses senhoriais mas dinamicamente incompativel com seus modelos
tradicionais ou políticos de dominação, que compeliu as elites no poder a
superporem, à ordem tradicional vigente nos costumes e fortalecida pelos
efeitos políticos conservadores da burocratização da dominação estamental, uma
ordem contratual que se impunha pela nova posição do Brasil no sistema
internacional do capitalismo comercial 48
interesses senhoriais mas dinamicamente incompativel com seus modelos
tradicionais ou políticos de dominação, que compeliu as elites no poder a
superporem, à ordem tradicional vigente nos costumes e fortalecida pelos
efeitos políticos conservadores da burocratização da dominação estamental, uma
ordem contratual que se impunha pela nova posição do Brasil no sistema
internacional do capitalismo comercial 48
liberalismo se impunha como um “momento de vontade indecisa”
expansão interna do capitalismo não foi uma escolha, no
sentido literal, já que decorria de uma posição prévia do brasil na economia
internacional, ela trazia consigo um presente e, com ele, um futuro. 49
sentido literal, já que decorria de uma posição prévia do brasil na economia
internacional, ela trazia consigo um presente e, com ele, um futuro. 49
conclusões das relações de expansão do Klismo: 1)motivações
ideológicas do liberalismo eram primariamente econômicas e a penas
implicitamente políticas; as utópicas eram diretamente políticas e só
secundariamente econômicas – o que estava em jogo era a utopia; 2)realismo
conservador e idealismo liberal são faces da mesma moeda; faziam parte da
manutenção do monopólio social do poder político; 3) integração da sociedade
nacional como idealismo politico
ideológicas do liberalismo eram primariamente econômicas e a penas
implicitamente políticas; as utópicas eram diretamente políticas e só
secundariamente econômicas – o que estava em jogo era a utopia; 2)realismo
conservador e idealismo liberal são faces da mesma moeda; faziam parte da
manutenção do monopólio social do poder político; 3) integração da sociedade
nacional como idealismo politico
O País possuía, graças ao desenvolvimento sócio-econômico no
período colonial e ao legado portugês, alguma unidade interna e fortes
tendências para preservá-la. 50
período colonial e ao legado portugês, alguma unidade interna e fortes
tendências para preservá-la. 50
Elites: 1) contavam com cultivo intelectual segundo padrões
europeus; 2) tinham experiência politico-administrativa; 3) inconformismo
irredutivel com independencia e construção do estado monarquico e realismo
insofreável quanto à escravidão; 4) liderança; 5)diferenciação interna (52)
europeus; 2) tinham experiência politico-administrativa; 3) inconformismo
irredutivel com independencia e construção do estado monarquico e realismo
insofreável quanto à escravidão; 4) liderança; 5)diferenciação interna (52)
Esse aspecto dos dinamismos psicossiciais subjacentes à
socialização das elites senhoriais é de extrema significação analítica, porque
indica com clareza que a polarização nacional da dominação estamental rompeu,
no plano político, os bloqueios que continuaram a prevalecer, indefinida e
progundamente, ao nível doméstico, da unidade de produção e do mandonismo
local. 53
socialização das elites senhoriais é de extrema significação analítica, porque
indica com clareza que a polarização nacional da dominação estamental rompeu,
no plano político, os bloqueios que continuaram a prevalecer, indefinida e
progundamente, ao nível doméstico, da unidade de produção e do mandonismo
local. 53
não seria possível extinguir o estatuto colonial semn
construir-se uma sociedade nacional; também não era possível a nova sociedade
sem herdar dminensões da antiga ordem colonial.
construir-se uma sociedade nacional; também não era possível a nova sociedade
sem herdar dminensões da antiga ordem colonial.
– “A composição ou o amálgama com o passado possuía,
portanto, cissuras e ‘avanços para a frente’ que não podem ser ignorados e que
precisam, ao contrário, de uma compreensão que ponha em relevo os papéis
construtivos logrados pelo ‘presente’, pelo ‘futuro’ e pelo ‘progresso’ nos
processos perceptivos, cognitivos e pragmáticos dos agentes humanos,
socialmente atuantes. “ (54)
portanto, cissuras e ‘avanços para a frente’ que não podem ser ignorados e que
precisam, ao contrário, de uma compreensão que ponha em relevo os papéis
construtivos logrados pelo ‘presente’, pelo ‘futuro’ e pelo ‘progresso’ nos
processos perceptivos, cognitivos e pragmáticos dos agentes humanos,
socialmente atuantes. “ (54)
Graças e através da Independência, Nação e Estado nacional independente passaram a ser ‘meios’ para a
burocratização da dominação patrimonialista e, o que é mais importante, para a
sua transformação concomitante em dominação estamental típica (55)
burocratização da dominação patrimonialista e, o que é mais importante, para a
sua transformação concomitante em dominação estamental típica (55)
O desenvolvimento prévio da sociedade, sob o regime
colonial, não criara, por sim mesmo, uma Nação. Mas dera origem a estamentos em
condições economicas, sociais e politicas de indentificar o seu destino
histórico com esse processo. 55
colonial, não criara, por sim mesmo, uma Nação. Mas dera origem a estamentos em
condições economicas, sociais e politicas de indentificar o seu destino
histórico com esse processo. 55
Funções inovadoras do momento da independencia:
“transformação do horizonte cultural das camadas dirigentes; a reorganização do
fluxo de renda e do sistema econômico; o aparecimento e a intensificação de
mecanismos permanentes de absorção cultural; e a emergência da política econômicaI como dimensão técnica da burocratização da
dominação estamental” 56
“transformação do horizonte cultural das camadas dirigentes; a reorganização do
fluxo de renda e do sistema econômico; o aparecimento e a intensificação de
mecanismos permanentes de absorção cultural; e a emergência da política econômicaI como dimensão técnica da burocratização da
dominação estamental” 56
Estamentos senhoriais não podiam exercer seu poder na colonia
porque estavam submetidos à Coroa; só com o Estado nacional independente
permitia essa “auto-realização” e a “expansão do patrimonialismo doméstico”
porque estavam submetidos à Coroa; só com o Estado nacional independente
permitia essa “auto-realização” e a “expansão do patrimonialismo doméstico”
estamentos senhoriais reagem à nova situação assumindo novos
papéis políticos na esfera da organização do poder
papéis políticos na esfera da organização do poder
“…a implantação de um Estado nacional independente não
nasceu de nem correspondeu a mudanças reais na organização das relações de
produção” 61
nasceu de nem correspondeu a mudanças reais na organização das relações de
produção” 61
A persistência de estruturas econômicas coloniais foi
limitativa, sem dúvida, já que impediu qualquer mudança na concentração social
da renda e qualquer correção de suas distorções. (…) Como os processos
econômicos mais significativos para o crescimento ulterior se desenrolavam como
consequência das transformações no modo de ordenar, dirigir e explorar os
fatores econômicos (efeitos econômicos de um processo político: a grande
lavoura libera-se dos entraves resultantes do estatuto colonial e organiza-se
como força econômica), as alterações estruturais e dinâmicas mais relevantes
ocorrem ao nível da reorganização do fluxo da renda e do seu impacto sobre a
economia interna. 62
limitativa, sem dúvida, já que impediu qualquer mudança na concentração social
da renda e qualquer correção de suas distorções. (…) Como os processos
econômicos mais significativos para o crescimento ulterior se desenrolavam como
consequência das transformações no modo de ordenar, dirigir e explorar os
fatores econômicos (efeitos econômicos de um processo político: a grande
lavoura libera-se dos entraves resultantes do estatuto colonial e organiza-se
como força econômica), as alterações estruturais e dinâmicas mais relevantes
ocorrem ao nível da reorganização do fluxo da renda e do seu impacto sobre a
economia interna. 62
O país livrou-se da condição legal de Colônia, mas continuou
sujeito a uma situação de extrema e
irredutível heteronomia econômica. 62
sujeito a uma situação de extrema e
irredutível heteronomia econômica. 62
Mesmo desaparecendo “os focos da heteronomia” economica na
era colonial, ela foi substituida por novas formas. O fluxo de renda deixou de
ser canalizado para fora e ganhou suporte social interno pelos senhores das
lavouras e depois do comércio. “1º) a internalização do fluxo de renda forçou,
de modo direto, a diferenciação dos papéis econômicos; 2º) ela também
contribuiu para modificar a composição do sistema econômico” 63
era colonial, ela foi substituida por novas formas. O fluxo de renda deixou de
ser canalizado para fora e ganhou suporte social interno pelos senhores das
lavouras e depois do comércio. “1º) a internalização do fluxo de renda forçou,
de modo direto, a diferenciação dos papéis econômicos; 2º) ela também
contribuiu para modificar a composição do sistema econômico” 63
Repercussões das transformações: I) liberaram comportamentos
capitalistas antes sufocados pelo colonialismo; II) novas bases para a economia
de mercado interna com novos e diferenciados consumidores e tbm pela
especialização; III) recalibração econômica do comércio; 64
capitalistas antes sufocados pelo colonialismo; II) novas bases para a economia
de mercado interna com novos e diferenciados consumidores e tbm pela
especialização; III) recalibração econômica do comércio; 64
Reorganização interna do fluxo de renda faz senhores rurais
ficarem competitivos entre si e com outros agentes econômicos; convertiam-se em
agentes de transações comerciais, mas ainda viam na terra a fonte de riqueza e
futuro da nação.
ficarem competitivos entre si e com outros agentes econômicos; convertiam-se em
agentes de transações comerciais, mas ainda viam na terra a fonte de riqueza e
futuro da nação.
Problemas fundamentais tendo em vista a autonomização
política como um complexo processo histórico-social:
política como um complexo processo histórico-social:
1) aonomização é
política. não houve revolução das relações de produção, mas sim preservação
e fortalecimento das relações na grande lavoura. “O paradoxo está no fato de
que a revolução nacional não resultou de uma recolução economica nem concorreu
para forjar ideais de autonomia econômica que implicassem ruptura imediata,
irreversível e total com o passado recente. Antes, consolidou e revitalizou as
funções da grande lavoura, como pólo dinâmico da economia interna, servindo de
base à referida expansão limite das estruturas econômicas coloniais” (72)
política. não houve revolução das relações de produção, mas sim preservação
e fortalecimento das relações na grande lavoura. “O paradoxo está no fato de
que a revolução nacional não resultou de uma recolução economica nem concorreu
para forjar ideais de autonomia econômica que implicassem ruptura imediata,
irreversível e total com o passado recente. Antes, consolidou e revitalizou as
funções da grande lavoura, como pólo dinâmico da economia interna, servindo de
base à referida expansão limite das estruturas econômicas coloniais” (72)
2) evolução histórica explica-se por questões
internas. O mercado externo e o sistema internacional de poder só
pressionam para o fim do estatuto colonial e se interessa pela autonomização
política mantendo-se demais condições econômicas para garantir oferta de
fatores de produção.
internas. O mercado externo e o sistema internacional de poder só
pressionam para o fim do estatuto colonial e se interessa pela autonomização
política mantendo-se demais condições econômicas para garantir oferta de
fatores de produção.
“imperativo histórico” – senhores usam do privilegio de suas
atividades econômicas para reagir e promover a revolução da independencia
mantendo o arcaico para proteger os niveis de produção e de exportação
alcançados durante a colônia, balanceando sua polarização pessoal e social para
não voltar a ser um aristocrata agrário (relacionado à estrutura de dominio das
relações de dominação patrimonialista) nem evoluir apenas para um burgues
agrário (posição de comerciante do excedente);
atividades econômicas para reagir e promover a revolução da independencia
mantendo o arcaico para proteger os niveis de produção e de exportação
alcançados durante a colônia, balanceando sua polarização pessoal e social para
não voltar a ser um aristocrata agrário (relacionado à estrutura de dominio das
relações de dominação patrimonialista) nem evoluir apenas para um burgues
agrário (posição de comerciante do excedente);